A Teoria dos Mundos, originada durante o período da Guerra Fria (1945–1989), pretendia classificar os países de acordo com seu posicionamento em relação às superpotências da época – Estados Unidos e União Soviética -. Os capitalistas ricos representavam o Primeiro Mundo. O Segundo Mundo, os socialistas e o Terceiro Mundo, o restante dos países que eram, em sua maioria, pobres e economicamente dependentes. Para o demógrafo francês Alfred Sauvy, a ideia de um Terceiro Mundo inspirava-se na proposição do Terceiro Estado, utilizada na Revolução Francesa. Os países do Terceiro Mundo deveriam se unir e revolucionar a Terra, como fizerem os burgueses e revolucionários na França.
De maneira mais ampla, o termo caracterizava os países periféricos, que possuíam uma economia ou sociedade pouco ou insuficientemente avançada. Nos anos 80, o Banco Mundial, passou a utilizar um conceito mais amplo para descrever os antigos integrantes do Terceiro Mundo, denominando-os “emergentes”. Desde então, o termo foi incorporado mundialmente aos jargões econômicos e aos noticiários. No entanto, não há, ainda, consenso do que caracterizaria uma economia emergente. Objetivamente, o meio acadêmico identificou algumas características comuns que esses países apresentam: (1) renda per capita entre 5 e 8 mil dólares; (2) índice de desenvolvimento humano (IDH) entre os níveis médio e alto; (3) forte atração de capital externo para investimentos no meio produtivo; e (4) mudanças significativas (e positivas) na estrutura social e econômica da população. Por outro lado, são países que geralmente apresentam dificuldades na gestão das contas públicas, no controle inflacionário e na manutenção do emprego e renda.
Em 2001, o economista inglês Jim O’Neil cunhou o termo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), para referir-se aos quatro principais países emergentes que apresentavam elevado potencial de crescimento e melhoria em seus índices financeiros, previsões que se concretizaram, pelo menos, até a crise de 2008. Esses países resolveram adotar o termo como uma forma de relação diplomática informal, alterando, inclusive, a sigla para BRICS, com a inclusão da África do Sul, que também pode ser considerada uma economia emergente, porém de menor porte em relação aos demais países desse acrônimo.
Por mais de duas décadas, o Professor Tarun Khanna, catedrático da Harvard Business School, vem estudando o empreendedorismo em países emergentes, correlacionando a ação empreendedora ao desenvolvimento econômico e social dessas nações. Para ele, empreender significa desenvolver uma ideia. Todavia, para que essa ideia se transforme, de fato, em um empreendimento, é indispensável a existência de um ambiente de negócios apropriado. E complementa que o excesso de regulação e burocracia, uma infraestrutura logística inadequada e capital humano despreparado, dentre outros, comprometem a plena fruição dos resultados que essa ideia poderia proporcionar. Nesse sentido, argumenta que país emergente é aquele que apresenta “vazios” institucionais e não consegue prover um ambiente de negócios favorável ao empreendedorismo. Tal qual nos provoca o teatrólogo italiano Luigi Pirandello: “Assim é, se lhe parece”.