Diante das incertezas que estamos vivendo no campo político, a perspectiva de melhoria no cenário econômico de 2017 está se deteriorando rapidamente. Isso pode ser observado pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Esse indicador tem por objetivo antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do País e é um parâmetro para medir a evolução da atividade econômica brasileira. O cálculo desse índice também auxilia a autoridade monetária a definir a meta da taxa básica de juros – a Selic. Além do indicador do BC, o mercado tem identificado fortes evidências de que a recuperação econômica deve ficar somente para o segundo semestre de 2017.
Na última reunião deste ano, ocorrida em novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu em 0,25 ponto percentual a Selic, passando de 14% para 13,75% ao ano, o que voltou a sinalizar a possibilidade de intensificar a distensão monetária. Do lado positivo, o ritmo de desinflação nas suas projeções pode se intensificar caso a recuperação da atividade econômica seja mais demorada do que a antecipada. Do lado dos riscos negativos, para o PIB baixar ainda mais a inflação, depende de um ambiente externo propício.
Especialistas têm discutido sobre o ritmo adequado de queda da Selic, tendo em vista as perspectivas e riscos de cumprimento da meta de inflação. O BC aponta que as projeções de inflação apuradas pelo relatório Focus – que reúne as projeções dos principais economistas do mercado – recuaram para 4,9% para 2017 e mantiveram-se em 4,5% para 2018. Neste momento, as cobranças são para que o BC use os juros para tirar o País da recessão e reanimar a economia.
Indústria em queda
A atividade do setor industrial brasileiro segue em queda. A recessão econômica do Brasil continuou a pressionar o desempenho do setor industrial, com queda da demanda, redução do volume de produção, da compra de insumos e do número de funcionários. Os estoques de pré-produção e de produtos finais também diminuíram. Analistas projetam que a indústria deve ter uma recuperação modesta somente em 2017.
A indústria automobilística também esperava uma recuperação econômica mais rápida. Para representantes do setor produtivo, a esperança de juros mais baixos só virá com a aprovação de medidas importantes.
Possibilidades econômicas
O PIB do terceiro trimestre foi o pior do ano, com queda de 1%. Como os dados não mostram mudança de cenário, parte dos analistas começa a avaliar que a atividade pode crescer menos de 1% no ano que vem. Em fevereiro de 2013, o Boletim Focus previa crescimento do PIB de quase 4% ao ano para 2014, 2015 e 2016. Após o crescimento de 0,5% em 2014, a economia do país caminha para o segundo ano consecutivo de retração de quase 4%.
As fábricas estão ociosas. Empresas são forçadas a ajustar seus balanços diante das perspectivas de queda da demanda e do salto do serviço da dívida. Consumidores reduzem os gastos. Uns estão desempregados e outros com medo do desemprego. O comércio não vende e reduz as encomendas aos fornecedores, que acumulam estoques e cortam ainda mais a produção. As demissões disparam. A arrecadação cai, decorrente do declínio da atividade econômica. E a dívida pública cresce sob o impacto dos juros reais.
Recuperação da economia
Ainda há pessimismo quanto à velocidade e força da recuperação da atividade econômica. Embora a melhora da confiança de consumidores e empresários favoreça o aumento do consumo e do investimento. Na atual situação, a expansão da demanda do setor privado se encontra limitada, principalmente pelo excesso de endividamento das pessoas físicas e jurídicas.
A vitória de Donald Trump na presidência dos EUA trouxe incertezas ao mercado internacional e local, mas não abalou a expectativa dos economistas com a extensão do ciclo de alívio monetário em curso no Brasil. A Selic mais alta projetada para dezembro de 2017 é 13%. O aumento da incerteza com relação à política econômica a ser adotada nos EUA deve levar o Copom a ser mais cauteloso no curto prazo.