O livro “A escolha de Sofia”, publicado em 1979, permaneceu por 47 semanas nas listas de best-sellers do The New York Times. A história apresenta o drama de Sofia Zawistowka, uma polonesa sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz. Sofia é capturada com os dois filhos e, por ser polonesa, é forçada por um soldado a escolher um dos dois filhos para morrer. Desde então, fazer uma “escolha de Sofia” tornou-se uma expressão que significa ver-se diante de decisões críticas.
Naturalmente, nem todas as decisões infligem tanta dor quanto enfrentou Sofia. No mundo corporativo, o “processo decisório” representa um conjunto de critérios adotados pela alta direção para chegar às decisões que o funcionário não entende. Tudo começa com a origem da palavra “decisão”, que se formou a partir do verbo latino caedere (cortar). Dependendo do prefixo utlizado, a palavra assume um significado diferente: “incisão” é cortar para dentro, “rescisão” é cortar de novo. E dis caedere, de onde vem “decisão”, é “cortar para fora”.
Decidir é, portanto, extirpar de uma situação tudo o que está atrapalhando e ficar só com o que interessa. Sejam simples ou complexas, públicas ou privadas, tais decisões têm impacto siginificativo sobre indíviduos e organizações. É imperativo que o processo decisório seja conduzido com sabedoria e responsabilidade. Gestores qualificados, e até mesmo os extraordinários, também decidem mal.
Ainda que se possa atribuir esses infortúnios ao timing equivocado, pesquisas sugerem que, dentre as principais causas, encontra-se a inaptidão cognitiva e comportamental. A despeito da existência de ferramentas racionalizadas para o suporte à decisão, em muitos casos, essa inaptidão do gestor pode ser parte do problema. Primeiro, porque existe uma tendência inconsciente do gestor de atribuir maior relevância às informações que vão ao encontro de suas crenças.
Por outro lado, o excesso de confiança conduz os gestores a superestimar sua capacidade de gerenciar o negócio, assumindo riscos demasiados na expectativa de que têm controle sobre suas consequências. Essa combinação pode levar a resultados devastadores. Tal qual Sofia, precisamos fazer escolhas. Mas, como disse Theodore Roosevelt: “Diante de um momento de decisão, a pior coisa é nada fazer”.
Prof. Andriei José Beber, Dr.