Se você costuma investir em ações, já deve ter feito a pergunta que está em alta no momento: é hora de comprar ações da Petrobras? Ainda que o preço das ações da Petrobras esteja historicamente baixo – houve momentos em que uma ação ordinária chegou a valer mais de R$ 45,00 – não é possível afirmar, categoricamente, que agora é a hora de investir na estatal. O assunto, certamente, exige cautela e atenção.
Não é segredo para ninguém que a Petrobras passou por sérios problemas de gestão. Isso resultou em inúmeros desvios de dinheiro, que levaram à destruição de valor da empresa, número que chegou a R$ 436 bilhões nos últimos anos. Fatores externos, como a queda no preço do petróleo e o compulsório investimento no Pré-Sal, também contribuíram para que os lucros da Petrobras caíssem e ela começasse a dar prejuízo e ter ainda mais dívidas.
Diferentemente de hoje, há oito anos, esse cenário era bastante diferente. A estatal estava passando por uma ótima fase: ações preferenciais (PETR4) eram cotadas a R$ 37,58 e as ordinárias (PETR3) a R$ 47,28. Naquela época, porém, o barril de petróleo era comercializado a US$ 125,00. Atualmente, o preço do barril é de US$ 50,00, ou seja, preço 60% menor. Como existe uma correlação positiva entre o preço do barril de petróleo e o desempenho da Petrobras, o resultado não seria outro. Hoje, as ações preferenciais se aproximam de R$ 8,00 e as ordinárias estão na faixa dos R$ 10,00.
Apesar disso, é importante ressaltar que no ano passado, a empresa deu início a um processo de ajuste do planejamento estratégico. Isso deve implicar em uma redução de 25%, cerca de US$ 32 bilhões, nos investimentos a serem realizados entre 2015 e 2019. Essa redução, certamente, vai apresentar importantes reflexos em seu crescimento.
Antes de iniciar qualquer investimento, lembre-se ainda que existe outro aspecto importante a ser analisado, a volatilidade, que é responsável por indicar a intensidade das flutuações no preço de um determinado ativo. Nos últimos seis meses, as ações ordinárias da Petrobras apresentaram uma volatilidade de 73,4%, enquanto as preferenciais apresentaram 76,9% de volatilidade.
Dessa maneira, ressalto que, enquanto a volatilidade estiver em alta, a Petrobras tende a ser um ativo mais alinhado ao perfil do especulador, aquele que compra a ação de uma empresa somente sob a justificativa de que está barata, e não do investidor, que busca conhecer a empresa em que está investindo, avaliando suas estratégias e expectativas de crescimento. E não se esqueça: o investimento em ações envolve riscos, sem garantia de retorno.