Especialista esclarece cinco dúvidas sobre o órgão, obrigatório nas empresas de capital aberto.
Com o passar dos anos, muitas companhias sentiram a necessidade de profissionalizar sua gestão para aprimorar seus resultados. Com isso, algumas tarefas que antes eram de responsabilidade dos donos das empresas tornaram-se trabalho exclusivo dos conselheiros, responsáveis por promover o desempenho sustentável das organizações.
O Conselho de Administração monitora, em nome dos sócios, o funcionamento de uma empresa. Ele não toma as decisões do dia a dia, mas supervisiona as escolhas feitas pelos ocupantes de cargos executivos. Segundo o conselheiro independente Andriei Beber, o Conselho de Administração é um órgão de natureza colegiada, obrigatório nas companhias abertas. O especialista ainda afirma que o órgão deve proteger o valor da empresa e sempre trabalhar visando o melhor desempenho da organização. Para auxiliar no entendimento sobre o tema, Beber esclarece cinco dúvidas comuns sobre os Conselhos de Administração e suas atribuições. Veja abaixo:
- Principais funções de um conselheiro
O conselho de administração tem como prerrogativa a gestão e a organização estratégica de uma empresa. A ideia por trás da atuação dos conselheiros é permitir que a empresa vislumbre o seu futuro, seu apetite para o risco nas ações e nas atividades que vai empreender, e, principalmente, garantir que as boas práticas de governança corporativa sejam respeitadas.
Além disso, os conselheiros também devem se certificar que haja transparência, responsabilidade corporativa e preocupação com a sustentabilidade de longo prazo do negócio, sempre tendo em vista a sua geração contínua de valor.
- Benefícios do conselho de administração
Os benefícios estão associados à preocupação com a sustentabilidade da empresa a longo prazo. Um Conselho de Administração e uma preocupação genuína com boas práticas de governança corporativa oferecem para a empresa a condição de passar pelo futuro com a garantia da geração de valor para todos os stakeholders.
- Características de um bom conselheiro
Um bom conselheiro deve ser um perguntador nato e fazer até as perguntas que são consideradas óbvias. O ambiente dentro dos Conselhos de Administração é de construção, portanto, o conselheiro deve questionar e ser incisivo, tendo sempre como objetivo o desenvolvimento da organização e a melhoria nos processos. Para Beber, “Qualquer resposta é tão boa quanto a pergunta feita”.
- Obrigatoriedade do conhecimento setorial da empresa
Todo conhecimento no âmbito específico da empresa ou organização é muito importante, porém, o conhecimento de boas práticas de governança, gestão, administração estratégica, questões tributárias, financeiras e comerciais, é ainda mais importante do que o conhecimento específico do setor. Às vezes, alguém que não conhece especificamente o setor e não traz consigo eventuais vícios poderá oferecer um insight diferenciado. O profissional que tem uma bagagem em áreas diferentes pode oferecer as perguntas que de fato vão levar a empresa à evolução. Isso vai ao encontro da diversidade que os Conselhos de Administração devem apresentar. Quanto mais diversidade houver, maiores serão os benefícios dessa interação.
- Remuneração dos conselheiros de administração
Na maioria das empresas, a remuneração dos conselheiros é fixa. Mas, existem algumas empresas que estabelecem uma parte da remuneração variável, em função do atingimento de determinadas metas e objetivos estratégicos. A remuneração fixa é mais razoável, evitando conflitos de interesse. Eventualmente, estratégias curto prazistas poderiam ser determinadas, comprometendo a sustentabilidade da organização. A ideia de um Conselho de Administração e da atuação dos conselheiros é a visão de longo prazo.
Sobre Andriei Beber
Andriei Beber é doutor em Engenharia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professor do Programa de Cursos Conveniados da FGV Management e Conselheiro de Administração Certificado pelo IBGC. Também é conselheiro independente da Tecnisa e especialista nas áreas de Finanças, Gestão e Governança.